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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Premonição de Morte

Chamo-me Alicia. Contar-lhe-ei um acontecimento de quando eu tinha quinze anos. Não era novidade alguma, para mim, que minha família possuía alguns dons especiais, inclusive, eu também os tinha.

Contudo aquela noite foi diferente de qualquer manifestação dos meus dons em momentos anteriores. Ouço vozes desde meus treze anos, porém, numa freqüência relativamente pequena. Eu já havia ouvido poucas coisas até então, nenhuma delas parecia ser algo bom, mas o que ouvi naquela noite se superou em tudo o que já ouvi.

Lembro com precisão o que aconteceu naquela madrugada...

Eu passara minhas férias de julho inteira no computador vendo anime e, agora, elas estavam acabando. Foi no dia vinte e oito de julho do ano de 2008 que aconteceu.

Naquele dia, eu passei-o inteiro vendo um anime. Ele era pequeno e tinha doze episódios apenas, de modo que, pude ver o anime inteiro naquele mesmo dia. Comecei vendo a tarde e terminei a noite. Melhor, de madrugada. Era por volta das duas horas da manhã quando terminei.

Naquela noite, minha irmã não dormiu em casa. Ela foi dormir na casa de uma amiga, por isso, fiquei sozinha no meu escuro e frio quarto a noite inteira. Meus pais estavam trancados no quarto deles vendo um filme qualquer que eu não sei. A porta do meu quarto também estava fechada. O que quer que eles estivessem vendo não dava para escutar no meu quarto.

A casa parecia estar em silêncio, a rua também. Estava tudo em um silêncio descomunal. O único barulho que se ouvia era o que eu fazia ao me remexer na cadeira, ou quando eu clicava em alguma coisa no teclado, ou quando levantava.

Quando terminei de ver o anime, eu fui arrumar a cama, pois já estava bem tarde e, por mais que eu dormisse bem tarde, já estava ficando com sono.

Minha cama fica ao lado da parede da janela e o computador fica alguns centímetros de distância a frente dela. Levantei do computador e comecei a tirar a colcha, estava completamente absorta. Meus pensamentos, naquele momento, estavam em outro lugar, eu estava pensando no anime que acabara de ver.

Quando terminei de tirar a colcha, eu ouvi uma coisa muito estranha. Não sei identificar de quem era a voz e nem se a pessoa era um homem ou uma mulher; criança, adulto ou idoso. A voz era muito estranha, só de pensar nela me dá calafrios. Era horripilante aquela voz, mal parecia ser humana, não sei explicar direito como era, apenas sei que era estranha e dificilmente era humana.

A voz dizia “Eu vou morrer! Eu vou morrer!” enquanto chorava.

Embora a voz não parecesse humana, dava para notar em seu tom de voz que estava com medo e que, principalmente, não queria morrer. Ela repetia aquelas palavras o tempo todo enquanto chorava desesperada.

Eu pude ouvir uma segunda voz. Eu não sei o que essa segunda voz dizia, não pude entendê-la, mas ao que me pareceu, ela estava tentando consolar a pessoa em prantos. Essa outra voz parecia mais humana e normal que a outra, mesmo que eu não tivesse entendido uma única palavra dela.

A princípio, quando ouvi isso, eu não liguei muito, pois estava completamente absorta. Mas depois de algum tempo, eu me toquei no que estavam dizendo. As vozes pareciam vir lá de fora, então me aproximei da janela, subindo em minha cama, e a abri. Até então, ela estava fechada. Quando a abri e coloquei a cabeça para fora da janela, as vozes e o choro pararam quase que instantaneamente.

Após isso, comecei a ficar assustada.

Pensei direito no que eu ouvira e uma imagem veio a minha cabeça. Não sei explicar como, mas a impressão que eu tive quando ouvi foi que a pessoa que estava chorando estava no colo de outra na qual a consolava. Na minha imaginação, as pessoas não tinham “rostos” – apenas um rosto qualquer que eu não podia identificar - claro, pois eu não sabia quem eram.

Eu estava calma, no início, quando a ouvi, mas quando me dei conta delas, uma lâmpada em meu cérebro acendeu em estado de alerta. E quando o choro parou, eu me inquietei, sentia que alguma coisa estava errada. Senti que o que acabara de ouvir não era para ter ouvido e que a voz de quem ouvi, provavelmente, não deveria estar naquele mundo. Ninguém para de chorar de imediato e fica o silêncio, é o que penso.

Fiquei um pouco abalada e fui desabafar com minha melhor amiga que estava online no MSN. Eu disse tudo o que havia acontecido, detalhe por detalhe. Embora não estivesse com medo de fato, eu estava intrigada. Aquilo me deixara inquieta.

Permaneci conversando com essa amiga por mais alguns minutos e depois fui dormi. Tive uma ótima noite de sono, apesar da coisa medonha que ouvi. Os dias seguintes se seguiram igualmente, esqueci-me por completo sobre o que ouvira aquela noite.

Aquelas palavras não faziam nenhum sentido para mim naquele momento. Porém, aproximadamente um mês após ouvi-las, é que pude entender o real sentido delas. Quando recebi a notícia do meu pai, eu gelei. Não era possível que aquilo tivesse acontecido!

No dia dois de setembro, se não me engano, eu recebi uma péssima notícia. Meu tio havia morrido devido a uma arritmia cardíaca. Eu não conseguia acreditar que aquilo era real. Quando a notícia chegou aos meus pais e imediatamente a mim e a minha irmã, eu entendi que o que eu ouvi naquele dia fora um aviso.

A minha inquietação com esse acontecimento aumentou. Porém, fora um ano após isso que tive a certeza.

Um ano depois, meus primos, que nunca conheci e filhos desse tio, vieram de outro estado para passar as férias de julho com a família daqui. Ao conversar com meu primo, única testemunha ocular do acidente, descobri que meu tio havia morrido no colo dele, exatamente como a impressão que eu tive.

Ao saber disso, fiquei mais transtornada ainda e completamente pasma. Até hoje, fico pasma ao me lembrar disso.

Hoje, tenho dezoito anos e minha vida nunca mais fora a mesma de antes desde aquele dia. Embora faça muito tempo que não escuto mais nada - desde aquele dia não escuto mais - outras coisas estranhas continuam acontecendo.

Faz anos que tenho sonhos repetitivos, sonho sempre com perseguição. Alguma coisa que não conheço me persegue e eu estou sempre fugindo. Foram poucas as vezes que pude saber quem, ou melhor, o que, era o meu perseguidor. Mas em geral, eu não faço a mínima idéia. Amigos me ajudam a fugir o tempo todo. Os sonhos mudam de cenário, as pessoas que aparecem, a forma... Tudo, menos esse fato.

Não tenho medo desses sonhos, pelo contrário, é até divertido, mas eles me deixam intrigada. Pois, assim como eu ouvi aquilo e ignorei, pode acontecer o mesmo com os sonhos. Não quero ser perseguida, principalmente pelas coisas que me perseguem nos sonhos, eles não são humanos!

Outra coisa estranha que aconteceu também foi as premunições. Contando com esta, já tive três no decorrer desse tempo, pelo menos das que me lembro. Todas envolviam acidentes e pessoas feridas (ou mortas).

Também escuto passos e estranhos ruídos à noite. Como tenho um sono extremamente leve, sempre acordo com o mínimo ruído. Embora eu more num prédio, sei que este prédio é assombrado e não sou só eu que acho isso. Quase todos meus amigos que moram ou já moraram aqui pensam o mesmo.

Posso pressentir coisas também. É estranho quando você sente que tem alguém por perto, mas não pode vê-lo. Isso sim me deixa apavorada. Não tenho medo do que escuto, mas sim do que sinto e não posso ver.

Além de tudo isso, às vezes, eu ainda tenho a impressão de ouvir gritos. Os gritos parecem vir de uma montanha aqui perto, mas de onde parece vir os gritos é coberto por árvores, então, seria impossível que alguém estivesse naquele lugar gritando. Parecem gritos de crianças. Eu os ignoro, mas eles me deixam um pouco abalada.

Se alguma coisa parecida aconteceu com você, bom, o que posso dizer... Esteja preparado para o pior, pois pode ser uma premonição e, neste caso, alguém vai morrer! Só espero que não seja você.

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